O que não implica que a veja todos os dias.
É bonito ver a chuva através do vidro, no conforto quente do que conhecemos. É bonito ver as gotas descer do céu, das nuvens negras, e quando embatem no chão e se dividem em mil gotinhas ainda mais pequenas, num lago de ondas e reflexos. É bonito ver, ao longe.
Mas quem vê a chuva pelo vidro não sabe o que a chuva é. Não sabe que é fria. Não sabe que molha, não sabe que dói, quando as gotas são mais e maiores.
A chuva existe, é parte da realidade. Por isso é feia e bonita ao mesmo tempo. Muito bonita quando a vemos ao longe, e muito feia quando estamos bem perto.
Num mundo perfeito a chuva seria apenas bonita. Num mundo imaginário e perfeito as gotas de chuva seriam quentes e acolhedoras, e teriam o toque de uma pluma na pele. Num mundo imaginário.
O mundo imaginário é isso mesmo. Imaginário. Irreal. Não corresponde nem se assemelha ao verdadeiro.
O mundo real é feio e imperfeito. Nele chove, e temos de andar à chuva, mesmo quando o vento cresce e parece que chove mais.
Nós somos parte deste mundo imperfeito. Somos seres pensantes e temos ideias, como resultado da nossa imaginação. Essas ideias existem, são parte da realidade por serem parte de nós, e não negam a sua natureza imaginária.
No entanto as ideias nunca serão a realidade. Nunca serão a verdade. As imagens idealizadas são fruto da escolha que fazemos em detrimento das evidências.
E nunca corresponderão à verdade. Basicamente, viveremos na mentira. Até quando?
P.S. - para ela
1 comentário:
Ouch. É suposto doer assim?
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